Em 2015, eu era auxiliar de escritório e vivia cercado por planilhas. Queria deixá-las mais úteis, automatizadas. Foi aí que encontrei o VBA, a linguagem “secreta” do Excel. Tentei aprender, mas logo veio o choque de realidade: era muito mais difícil do que parecia, então desisti antes mesmo de completar o famoso “Olá, Mundo”.

Alguns anos mais tarde, a curiosidade reacendeu. Decidi encarar um curso de VB6 um clássico para quem buscava criar "seus próprios sistemas". Semanas depois, o impensável aconteceu, eu tinha meu primeiro sistema executável funcionando.

Eu não entendia absolutamente nada da lógica por trás daquele código, mas ele funcionava. E quando algo funciona, a empolgação é inevitável não é? haha

Foi aí que surgiu a ideia brilhante e imprudente: Vou vender sistemas!

Sem ter a mínima noção do que era uma variável, arquitetura de software ou qualquer conceito fundamental, o resultado foi a fundação de uma empresa.

Montei um site, criei um canal no YouTube, fiz alguns remixes dos projetos do curso, troquei os nomes e comecei a vender na internet. Um verdadeiro empreendedor da gambiarra. E não é que deu certo? Fiz minha primeira venda.

A dopamina explodiu. Senti que estava rico (mentira, o valor era irrisório, mas meu ego acreditava em milhões). 😅

Tudo ia bem até o surgimento do primeiro cliente de verdade. Ele assistiu a um vídeo, gostou de um dos sistemas, mas precisava de algo personalizado.

Welisson, faço o pedido e te pago metade agora. O resto quando entregar.

Com o "sangue nos olhos", respondi naquele tom de CEO inabalável:

Fechado! Pode deixar comigo!

Só havia um pequeno detalhe: eu não sabia programar. Nada. Zero. Nulo.

Mesmo assim, fechei o contrato por R$1.000. Recebi a metade adiantada, e o pesadelo começou. Trabalhei dia e noite em algo que mal compreendia, navegando por um labirinto de códigos macarrônicos que nem o próprio Minotauro decifraria.

O prazo estava se esgotando… e eu fiz a pior escolha da minha vida: Instalei um software crackeado para gerenciar meu banco de dados.

O resultado? Ransomware. 😅

Meus projetos? Tudo criptografado.

Naquele momento, meu único pensamento foi: “É agora. Acabou minha carreira que nem sequer começou.”

Após dias tentando sobreviver ao caos e resgatar o que era possível, consegui finalizar o sistema. Não estava bonito, mas estava funcional e, naquela fase da vida, isso era o que importava.

Peguei o telefone para fazer a entrega ao cliente.

Bom dia, poderia falar com o senhor Nelson?

A secretária respondeu, após uma pausa dramática:

Welisson… infelizmente o senhor Nelson faleceu ontem.

Sim. Meu primeiro cliente REAL morreu antes que o sistema ficasse pronto.

Eu não sabia se chorava ou dava risada. Ele se foi, e com ele, metade do meu pagamento.

Lições Aprendidas Na Marra?

"Se você não sabe programar, não invente moda. E se inventar… torça para seu cliente não morrer." 😅

Apesar do turbilhão, eu não desisti.

Porque, no fundo, foi assim que entendi o que realmente significa ser programador: Errar, aprender, sofrer um pouco e, o mais importante, seguir em frente.

Hoje, olhando para trás, percebo que programação não é sobre o código perfeito. É sobre a coragem de começar, mesmo cometendo todos os erros possíveis, e sobreviver para rir deles depois.

E você? Já viveu alguma história digna de um “try/catch” da vida?

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