Todo programador, em algum momento, sonha com aquele projeto que vai provar seu valor. Aquele desafio que parece feito sob medida para mostrar tudo o que você sabe, e talvez até render um aumento no fim.

Foi exatamente o que pensei quando meu gestor apareceu na minha mesa e disse:

Welisson, fiquei sabendo que você sabe programar. Preciso que desenvolva um sistema para o nosso setor, com urgência. Você consegue?

Sem hesitar, respondi:

Sim, claro!

Era a minha chance de brilhar. Eu já conhecia bem as regras de negócio e me sentia preparado para encarar o desafio. Só não imaginava que o maior obstáculo não seria a tecnologia, nem o prazo...

Comecei a planejar o projeto e pensar em qual tecnologia faria mais sentido usar.

A primeira ideia foi o Excel, simples e rápido. Mas descartei logo em seguida, pois o sistema precisava permitir que várias pessoas acessassem ao mesmo tempo, e o Excel simplesmente não dá conta disso.

Então pensei em desenvolver uma aplicação web. Seria o ideal, mas o custo de hospedagem e o prazo apertado tornavam essa opção inviável naquele momento.

Depois de analisar um pouco, decidi fazer uma aplicação desktop em C#, já que o front seria mais simples de desenvolver.

E foi aí que o perfeccionismo entrou em cena🙂

Comecei a me preocupar demais com os detalhes, imaginando cenários futuros e possíveis problemas, quando na verdade deveria ter focado em entregar algo simples e funcional.

Não que pensar nos detalhes seja errado, afinal, o código precisaria de manutenção. Mas o perfeccionismo acabou destruindo minha produtividade. Os dias foram passando, o gerente cobrando o projeto, e eu cada vez mais travado nas regras de negócio.

Resultado: Não consegui entregar no prazo.

O gerente, vendo a situação, tomou a frente e criou uma planilha simples no Google Planilhas. E, para minha surpresa, o problema foi resolvido.

Peguei essa planilha e com Google Apps Script, implementei várias automações: Remarcações, impressão de ordens e outras funções. O sistema ficou ótimo, simples, funcional e está em uso até hoje, sem dar problema algum.

E sabe o que é mais curioso? Meu gerente não tinha nenhum conhecimento de arquitetura de software, nem sabia programar, mas ele entendia uma coisa essencial: Feito é melhor do que perfeito.

A verdade é que um sistema perfeito, mas que nunca é entregue, não serve pra nada.

Não gera resultado, não resolve dor, não entrega valor.

Enquanto isso, algo simples, funcional e entregue no tempo certo pode transformar o dia a dia de uma equipe inteira. Às vezes, o que o time precisa não é de uma arquitetura complexa, mas de uma planilha bem pensada, um botão que economiza tempo, ou uma automação que elimina um trabalho manual.

O perfeccionismo é traiçoeiro. Ele se disfarça de zelo, de busca por qualidade, de “fazer o melhor possível”. Mas, no fundo, ele é só medo de errar, de ser julgado, de mostrar algo inacabado. E esse medo paralisa. Faz a gente revisar pela décima vez o mesmo trecho de código, refatorar o que já estava bom, e adiar a entrega indefinidamente.

No fim, o que o cliente e até o seu gestor mais valorizamm, não é a perfeição técnica, mas a capacidade de resolver problemas reais.

Eles preferem algo simples que funcione hoje, do que algo “perfeito” que nunca sai do papel.

Então, se você tem um projeto parado porque “ainda não está bom o suficiente”, respira fundo e se pergunta:

Será que não é o seu perfeccionismo te impedindo de evoluir?

A perfeição não está no código impecável, mas na entrega que gera impacto.

Porque o código bonito pode impressionar outros programadores...

Mas o sistema que muda a rotina de uma equipe é o que realmente faz diferença.

No fim das contas, o cliente não quer ver o seu código.

Ele quer ver o problema resolvido e isso, sim, é o que transforma você em um bom desenvolvedor.

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